Capítulo 7


Capítulo 07
High School

Existem três tipos de pessoas.

As pessoas que sentam-se na frente da classe, as pessoas que se sentam no meio, e as pessoas que se sentam no fundo. Ou, caso você prefira, existem as pessoas Calem, Serena e Charlie, que significam respectivamente a mesma coisa que o dito anterior. A questão é que essas pessoas raramente se misturam, porque vivem em planetas diferentes. Ou pior, vivem em áreas diferentes de uma classe.

Mas, por uma ironia do destino, elas passam a viver juntas.

Calem colocava objetos aleatórios dentro de uma pequena mochila, enquanto que supervisionava uma pequena lista. Seus olhos se revezavam entre o pedaço de papel e os respectivos itens, enquanto que os depositava organizadamente dentro da bolsa. Qualquer um que olhasse acreditaria que ele estaria indo para uma expedição ou teste de sobrevivência. Mas não, ele estava apenas indo para a escola.

— Calem, eles vão entregar os materiais lá, não precisamos levar nada. — disse Charlie.

— Ora, eles vão entregar as coisas vitais. — retorquiu ele, tirando os olhos do papel por um curto período de tempo. — Eu estou levando o que euacho vital, e que eles não vão fornecer.

Charlie deu um passo à frente e puxou uma caixa pequena, e após encará-la, voltou-se para o companheiro com certo desdém:

— Kit de primeiros socorros?

Com um movimento rápido, o rapaz quase conseguiu pegar seu item de volta, se não fosse pelo fato de Charlie ser muito mais habilidoso em pegar pertences alheios. Ele abriu a caixa e começou a revirá-la, não escondendo certa surpresa:

— O que você pensa que vai fazer? — indagou gritando. — Normalmente os kits de primeiros socorros tem curativos e comprimidos pra enxaqueca... Não bisturi e adrenalina injetável. Meu Arceus, isso é uma broca?

— Tire essas mãos do meu kit médico. — ele pegou a caixinha de volta e colocou-a na mochila.

Não sei qual ideia é mais aterrorizante: Ter uma crise e estar à beira da morte, ou ser operado pelo Calem.

Ouviram um suave toque na porta, e Aldrick entrou, acompanhado das duas garotas. Ambas riam ao papearem, de forma que ele parecesse um tanto quanto excluído. Charlie se voltou para Serena:

— Por onde andou, princesa? Te procurei a manhã toda. — ele falou.

— Precisava de um momento com a Katheryn. Ela têm me ensinado várias coisas legais. — respondeu, sorrindo.

— Então quer dizer que você nunca tomou Milk-shake até seu cérebro congelar? — recebeu um aceno negativo. — Nem nadou em um lago? Nem coçou o pé com os próprios dentes?

— Kath, ninguém faz isso.

Aldrick com certa curiosidade se aproximou de Calem, que arrumava alguma forma de fazer seu aspirador de pó portátil caber dentro da mochilinha, mas não obtinha sucesso. O loiro abaixou-se e escondeu o riso:

— Você sabe que só vamos passar algumas horas lá dentro, certo? — perguntou.

— Sim. Algumas horas. — respondeu.

— Acho que você não vai precisar de um “Guia de Sobrevivência ao Apocalipse Zumbi” neste meio tempo. — falou, pegando o livro.

Calem se sentou no chão, suspirando.

— Eu não faço ideia de como é uma escola, nem o que acontece dentro dela. — disse, fazendo uma pausa. — Então não sei ao certo o que fazer.

— Bem, para começar, por que não esvazia a mochila e trás apenas alguns cadernos para anotação? — aconselhou. — A batalha contra a Viola é em seis dias, então você precisa aproveitar para estudar o máximo que puder.

— Eu não tenho cadernos.

— Você tem comida racionada para dez dias, mas não tem cadernos? — ele riu. — Vamos logo.
...

Dia 1
Aula teórica

Ao se inscreverem, os cinco foram encaminhados para uma sala. Calem parou de andar assim que viu uma bola de papel sento atirada para fora da porta. Quando olharam para dentro, perceberam várias pessoas atirando coisas, conversando alto, escutando música, brigando, e fazendo qualquer coisa que Calem não estaria aprovando.

Alguns programas onde morei faziam com que crianças recolhidas na rua tivessem que, obrigatoriamente, freqüentar aulas. Foi esse o motivo pelo qual eu fugi depois, mas isso não vem ao caso. Só sei que fiquei com um pouco de pena de Serena e do Calem, mas eles teriam que se virar sozinhos.

— Este. Lugar. Não. É. Pra mim. — falou Calem.

— As pessoas parecem divertidas. — sussurrou Serena.

Katheryn naquele momento saltou encima da suposta mesa do professor e gritou, chamando a atenção de todo mundo.

— Oi cambada! Eu sou a Kath, e esses são meus amig…

Antes de terminar a frase, foi interrompida, recebendo uma chuva de bolas de papel amassadas e copos cheios de bebidas, assim como os outros quatro. Ela soltou outro grito.

— Vocês acabaram de deixar Kate Berry brava, MUITO BRAVA!

Foi quando um senhor entrou na sala e o silêncio tomou conta. Todos se sentaram nas carteiras, Katheryn e Charlie no fundo, Serena e Aldrick no meio e Calem na frente. O homem escrevia na lousa e explicava, mas não recebia muita atenção.

— Portanto, se você multiplicar por três o HP máximo e subtrair por duas vezes o HP atual, multiplicando por…

Bla bla bla bla bla

Katheryn acordou quando o braço que apoiava sua cabeça escorregou, e ela foi de cara à mesa. Serena, Aldrick e Calem deveriam ser os únicos que, de fato, prestavam a atenção, e o último ainda fazia anotações de cada palavra na aula.

Charlie lhe atirou uma bolinha de papel na cabeça, fazendo-o se virar:

— Qual é o seu problema? — sussurrou.

— Isso está me matando, eu não tenho nada pra fazer. — falou.

— Por que não tenta estudar? — respondeu Calem. — Onde foi parar minha borracha…?

— Ah,desculpe. — disse Charlie puxando-a do bolso e a jogando de volta para o dono. — Força do hábito.

Calem o fitou, incrédulo.

— Mas estamos a cinco cadeiras de distância… Ah, deixa pra lá.

Calem compreendia tudo na teoria, mas sabia que teria problemas de aplicar na prática. Entretanto, agora cometeria menos erros, esperava-se. Ficou por anos estudando com livros e professores particulares sobre o mundo em geral, mas agora finalmente estudava para si mesmo e para seu futuro. Seria perfeito, se não pelos murmúrios altos no fundo e a guerrinha de giz.

— Alguém quer demonstrar o cálculo para o envenenamento na lousa? — perguntou o professor, sem receber muita atenção.

O rapaz levantou a mão, sendo o único, e então se levantou para ir à lousa.

— Ele acabou de assinar o atestado de óbito, certo? — cochichou Serena a Aldrick.

— Certo.

O professor estendeu o giz para Calem, que recuou um passo.

— Não tem nenhum outro giz, não? Sulfato de cálcio hepta-hidratado me dá alergias. — falou, recebendo um aceno negativo.

Em seguida, foi para sua mochila e pegou um par de luvas de borracha, que fez seus amigos esfregarem a palma da mão no rosto. Todos gargalhavam do jeito do jovem, ainda que ele não tivesse percebido, ou ligado. Mal sabia ele que certas coisas dentro de uma sala de aula eram suicídio.
...

Durante o intervalo, os quatro amigos o encararam, sérios:

— Você precisa entender uma coisa. — falou Charlie. — Nós não nos importamos com suas maluquices, mas as outras pessoas não aceitam elas tão bem.

— O que o Charlie realmente está tentando dizer — interveio Aldrick. — é que a melhor política é ficar em silêncio e não se destacar. Porque nem todos são legais como parecem.

Logo que Aldrick falou aquilo, um pequeno grupo chegou e cercou o amigo, que correu os olhos pelas faces maliciosas.

— Algum problema? — perguntou.

— Bem, tem um sim. Você. Deixa de ser ridículo.

— Posso lhe pedir o mesmo favor? — sugeriu.

Os amigos tentaram entrar no meio da roda para tirá-lo de lá, mas não obtiveram sucesso.

— Repita. — desafiou um deles, certamente muito mais alto que Calem, se aproximando dele.

— Sua audição é ruim ou é uma deficiência de entendimento, mesmo? — perguntou, tentando se afastar. — O que vai fazer, vai me bater?

— É.

A última coisa que se lembrou foi de ter levado um soco no meio da face, antes de desmaiar.
...
Quando abriu os olhos, tinha um loiro o encarando.

— Graças a Arceus. — disse Aldrick. — Vou avisar a Serena, ela estava muito preocupada.

Calem tocou o nariz com a mão direita, mas a recuou após sentir uma grande dor. Estava em um ambiente pequeno, deitado sobre uma cama, Aldrick de pé ao seu lado. Quando o foco de sua visão voltou, conseguiu ler “enfermaria”.


— O que aconteceu? Os trogloditas se sentiram ameaçados pela minha inteligência? — perguntou, a voz falha.


— Foi quase isso.

— Eu apanhei?

— Feio.

Silêncio.

— Aldrick, preciso dizer uma coisa. — pediu Calem fazendo uma longa pausa.

— Sim? — perguntou ele.

Silêncio de novo.

— MAS QUE DROGA DE IDEIA DE JERICO VOCÊ TEVE!! — gritou ele. — VOCÊ ME ARRUMOU UM PESADELO DE CINCO DIAS AO INVÉS DE UMA SEMANA DE APRENDIZADO!!

— Ah, desculpe, falha minha mesmo. — disse, coçando o ouvido, que vibrava com o tom de Calem. — É que não achei que você fosse ser tão… Você.

— Por que isso é um problema? — questionou. — Vejo pessoas ridículas o dia inteiro, mas não preciso falar isso pra elas.

— Na verdade, você fala.

— Mas não é a mesma coisa. — ele fez mais uma pausa. — O que eu tenho é meio… Involuntário.

— Eu sei. — concordou o loiro. — Só que você precisa aprender a ceder um pouco. Nem sempre você vai ter tudo limpo e livre de germes como gostaria.

Ele assentiu suavemente com a cabeça.

Serena entrou naquele instante, puxando um par de cortinas que cobriam as camas, se deparando com o primo e fazendo uma grande expressão de susto.

— Meu Arceus, seu nariz… — ela viu Aldrick sinalizando para não falar nada.

— O que tem ele?

— Nada…

O rapaz se levantou e fitou um espelho, soltando um enorme grito.

— Parece uma batata. — disse.

— Fique calmo, ainda tem mais quatro dias para você sobreviver.


Dia 2
Aula Prática de Batalhas

— Como devem saber, nestes cinco dias vocês serão apresentados a diferentes assuntos para terem mais afinidade com os Pokémons. — disse uma moça, a professora. Ela abriu uma das janelas.

Em seguida, ela retirou seu jaleco e o atirou pela janela.

— Mas esse sistema é uma droga, então vamos logo para a prática. — disse, soltando o cabelo. — Lancem seus Pokémons, e vamos batalhar aqui mesmo!

Por um segundo todos ficaram em silêncio, mas atiraram seus Pokémons e começaram uma verdadeira guerra, atirando carteiras e materiais para todos os lados. A professora apenas incentivava o combate e ainda exigia mais ação. Katheryn lançou seu Spinarak, que saiu voando no primeiro segundo, e Charlie e Serena a acompanharam, com Pancham e Espurr, o último assustando os treinadores que o viam.

Calem ficou tentando assimilar tudo, e olhou para Aldrick:

— É sempre assim?

— Só quando é aula dessa professora. — ele riu, mas foi atingido por um golpe especial e logo desmaiou, fazendo o amigo gritar.

— Droga, eu deveria ter trazido meu kit! Eu sabia, eu sabia!

A professora se aproximou dele, os cabelos todos espalhados:

— O que está esperando para lançar seu Pokémon? — perguntou com naturalidade.

— Não querendo questionar seus métodos de ensino mas… Mentira, estou questionando sim. Não faz sentido nenhum.

— Batalhas não fazem sentido, elas são espontâneas mesmo. — explicou, se desviando de uma bola de fogo. — Esteja sempre preparado, é o que eu digo!

Ele encarou a esfera bicolor em sua mão e a atirou, fitando Larvitar com certa incerteza. O Pokémon tentou entender o que acontecia ao seu redor, ouvindo seu treinador:

— Eu não sei o que está acontecendo aqui, só sei que você tem que lutar. — falou acompanhado de gestos. — Faça alguma coisa, não sei, lance aquelas pedras em todo mundo.

Larvitar suspirou e pulou sobre a carteira de Calem, a única que ainda não havia sido atirada para longe. Em seguida se concentrou, levantando algumas rochas do chão e as disparando em direções diversas. A professora aplaudiu.

Pokémon P.O.V

Larvitar, mesmo com pouquíssima experiência, conseguia peitar os adversários que lhe apareciam aleatoriamente. Apenas um chamou sua atenção, um Aron dotado de um capacete de metal que escondia parte de seu rosto. Ainda que tenham se encarado por um curto espaço de tempo, foi como se tudo tivesse parado ao redor.

— Olá. — cumprimentou o Aron. — Devo saber o nome da guilda que estarei enfrentando agora…? — tinha certo tom de deboche.

Larvitar alongou o pescoço.

— Magnar. — sua voz era grossa, um pouco rouca, principalmente para alguém jovem. — Pensei que tivesse sido comprado há um bom tempo. E não, eu não tenho guilda.

— Não tem graça acabar com alguém independente. — falou, fazendo uma pausa. — Sinta-se honrado em ser massacrado pela Iron Helmet, a nova guilda que irá se tornar a mais poderosa de todas.

Na realidade, eram como dois adolescentes brigando por uma coisa mínima, donos de uma rixa antiga desde ainda mais novos, e agora, por uma ironia do destino, se encontravam mais uma vez. Magnar, o Aron, agora já participava de uma equipe e inclusive fundara uma guilda junto de seu novo treinador.

— Neal, como estão as coisas aqui? — disse Espurr a passinhos curtos.

— Não se aproxime, Mary, esta será uma batalha das boas. — falou, afastando-a.

Ela era pequena se comparada a Neal, e era uma verdadeira criança, se não fosse por seus olhos consideravelmente grandes que chamavam a atenção e por algum motivo assustavam as pessoas. Ela riu:

— Precisa de ajuda? Se precisar, eu poderia… Matar alguém. — disse, com uma voz assustadora que o fez finalmente olhá-la. — Estou brincando. — concluiu com uma risadinha meiga.

Foi quando o sinal tocou, encerrando a aula.

Fim do P.O.V.
Dia 3
Aula de Analises

Aquela seria uma das aulas mais interessantes de todas. Pela primeira vez estávamos fora da classe, em um campo atrás da escola. Tínhamos que analisar Pokémons pré-definidos quanto a aparência, comportamento, e outras bobagens. Recebi um Elekid, Serena uma pequena Skitty, e Calem — não consegui deixar de rir. — Um Voltorb.

Serena acariciava a pequena Pokémon, que demonstrava gostar, e vez ou outra lhe dava um pequeno bolinho. Ela fazia anotações em um pequeno bloquinho, mas era como se tivesse uma energia que conseguisse cativar até mesmo os Pokémons. Charlie lidava bem com Elekid, pois aparentemente já tinha certa experiência com Pokémons emburrados. Porém, para Calem as coisas não iam tão bem.

Ele ficou observando a esfera bicolor, sem ter muito o que escrever.

— Hã… Você bem que poderia fazer alguma coisa, não? — pediu.

Viu o Pokémon começar a brilhar um pouco, e percebeu que não era coisa boa, o fazendo sair correndo. Cada vez mais ele ficava claro, até que KABOOM. Explodiu.

— Será que posso pegar outro Pokémon? Acho que não terei esse de novo tão cedo. — pediu ao professor.
Dia 4
Vantagens e desvantagens.

Mais uma vez, perceberam a professora excêntrica adentrando a classe, o que fez com que todos — com exceção de Calem. — se animassem.

— Droga, a maluca de novo. — balbuciou ele.

Ela colocou seus pertences na mesa.

— Fiquem calmas, crianças, hoje não iremos fazer batalhas dentro da sala de novo. — falou. — E nem fazer bombas caseiras igual semana passada, porque eu fui processada por um dos pais.

Metade da sala fez “Ahhhh” em sinal de tristeza.

— Mas vamos falar sobre vantagens e desvantagens dos tipos. Ao todo, existem dezoito tipos conhecidos, e um desconhecido. Por enquanto. E…

— Como pode haver um desconhecido especificamente? — indagou Calem. — Ou você conhece, ou não conhece. Não se pode contar uma coisa que não existe.

— Cala a boca, babaca. — disse um dos valentões, com um olhar ameaçador.

A professora fez um “pare” com a mão.

— Não, ele tem razão. — disse. — Peguem as tabelas que vocês receberam, classe, e rasguem o “Desconhecido” de vocês. Vamos, é pra hoje!

Todos hesitaram, mas obedeceram. Ela passou folhas de papel para todos, e ao terminar de entregar, chamou a atenção batendo palmas.

— Isso que eu entreguei a vocês é um teste que lhes responderá com qual tipo vocês tem mais afinidade. — disse. — Ou de qual tipo vocês seriam, como eu gosto de pensar.

Calem se voltou para os amigos atrás, cochichando.

— Isso é ridículo. — disse. — Como posso ter afinidade com um tipo, e com outro não?

Ouviu uma voz falando em seu ouvido, o que o fez ter um susto.

— Ótima pergunta, como sempre, garoto com TOC. — disse. — Mas você só saberá ao responder o questionário.

Ele soltou um longo suspiro e cedeu.
...

Calem
Rock
Serena
Fairy
Charlie
Fighting
Kate Berry ♥
Electric
Aldrick
Ice

— Pedra? Como assim pedra? Isso é uma insinuação, por acaso? — questionava Calem.

— Fada, que legal. Eu adoraria ter um Pokémon deste tipo! — exclamou Serena.

— ELÉTRICO? COMO ASSIM ELÉTRICO? EU SOU UM INSETO! INSETO! — gritava Katheryn incrédula.

— Gelo? Mas… Mas… — se interrompeu Aldrick.

— Lutador? Mas eu sou tão pacífico… — opinou Charlie.

A professora prosseguiu.

— Agora, classe, quero que vocês se baseiem neste tipo para as próximas tarefa, onde vão estudar um Pokémon deste mesmo tipo. Por favor, vamos para fora.

...

Recebi um outro Pancham. Que beleza. Serena ganhou uma Clefairy. E claro que o Calem recebeu um Onix.

— COMO VOCÊS ESPERAM QUE EU DOME UMA COISA DESSAS? — indagava ele, escondido.

— Onix são bonzinhos, eles só tem tamanho. — disse a professora, o acariciando. — Viu só? Você precisa parecer confiante se quiser que os Pokémons o obedeçam. Isso serve para seu Larvitar.

Por um instante ele prestou a atenção de verdade na professora, pois viu algo útil, que foi a citação de seu Larvitar.

— O que tem ele? — perguntou.

— Ora, vocês mal tem intimidade, como espera ser um treinador decente se você não confia em seu Pokémon e ele não confia em você? — perguntou. — Precisa conhecer seu próprio Pokémon se quiser vencer a Viola daqui a três dias.

— Como você sabe que eu vou enfrentar a Viola?

— Ah, eu coloquei uma escuta em você no segundo dia. — disse, mostrando um pontinho preto preso em suas costas.

— Como eu não percebi isso?

— O que importa é que você quer, mas não se dedica. Você precisa perder sua “Pokéfobia” e começar a encarar os Pokémons de frente.

— E como eu faço isso? — perguntou.

— Comece com esse Onix. — aconselhou ela.

— Você tem razão. — ele concordou, se aproximando. — Venha aqui, Onix!

Ao se aproximar, só se lembrou de ter levado um Head Smash antes de apagar pela segunda vez.

Dia 5
Batalhas
Último dia

O último desafio seria aplicar o que foi aprendido ao longo da semana apenas naquele dia. Cada um pegaria um Pokémon temporariamente mais uma vez e o utilizaria para batalhar contra os demais, em duplas sorteadas. Cada um de nós pegou uma Pokébola sortida.

Serena recebeu uma Lopunny, Charlie um Graveler e Calem um Timburr.

Todos tinham dez minutos para interagir ou preparar os Pokémons antes das batalhas, onde haviam sido estipuladas regras, mas ninguém se dera ao trabalho de ouvir ao certo. Calem foi colocado contra o responsável por apagá-lo na primeira vez, o que o fez titubear um pouco.

— Se não é o mocinho que foi pra enfermaria. Como está o nariz? Se a dor for igual ao tamanho, então deve estar doendo bastante. — provocou.

Calem arrumou seu chapéu.

— Aconselho que se concentre apenas na batalha por enquanto, e não no meu nariz.

O rapaz se virou para seu grupo, que gargalhou e lançou mais provocações, mas Calem parecia nem ouvir. Ele fitava o Pokémon lutador, e conforme havia estudado ao longo da semana e recebera seu Moveset, antes da batalha, já não estava tão perdido.

— Irá enfrentar meu parceiro de hoje, o Ursaring.

Serena sussurrou a Charlie:

— Ele está conseguindo se concentrar. Quando ele se concentra, ele se sai melhor nas coisas.

Charlie concordou.

A verdade é que eu estava torcendo fervorosamente para aquele idiota cheio de manias. Ele era um saco como pessoa, mas sinceramente eu queria que ele ganhasse. Merecia, até que pra alguém como ele, estava lidando bem com o mundo fora da mansão dele.

— Damas primeiro. — falou o valentão.

— Agradeço pela gentileza. — disse Calem. — Leer.

Timburr fitou com concentração o Ursaring, mas o treinador apenas gargalhou com aquilo.

— Você não fez nada, que idiota. — ele riu. — Vai Ursaring, acaba com ele com o Fury Swipes

O urso imenso soltou vários arranhões no pequeno lutador, mas não causou muitos danos. O menino comemorou, mas Calem fez um sinal de reprovação.

— Golpes normais em um tipo lutador? Francamente, você poderia ter usado o que resta da sua inteligência para prestar atenção nas aulas. — falou. — Low Kick.

Com um chute rápido em um local estratégico, combinado com o Leer e a vantagem de tipos, Timburr derrotou instantaneamente o Ursaring, deixando o adversário completamente confuso. Calem retornou o próprio Pokémon e lançou um risinho de confiança.

— Você pode ser forte, mas a força sucumbe à inteligência. Lembre-se que seu próprio braço obedece o seu cérebro. — falou Calem. — Não que seja uma grande vantagem pra você.

Todos aplaudiram, e pela primeira vez, Calem não foi crucificado. Ele foi parabenizado por todos, inclusive pelo professor responsável. E ouviu uma voz sussurrar um parabéns em sua orelha, o assustando, logo em seguida percebendo se tratar da professora maluca.

— Como ele fica lindo confiante! — exclamou Katheryn, fazendo Aldrick suspirar.

Ele voltou para a roda de amigos, mais alegre.

— Autógrafos só depois, por favor. — disse.

— Você está pronto. — disse Aldrick. — Amanhã você está pronto para enfrentar Viola!